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  • lucascodecco

Análise: Red Hot Chili Peppers - Blood Sugar Sex Magik (1991)

Atualizado: 15 de mai. de 2022

Formação: Anthony Kiedis (vocal), Chad Smith (bateria), Flea (baixo), John Frusciante (guitarra).



Faixas:

  1. Power of Equality

  2. If you have to ask

  3. Breaking the girl

  4. Funky monks

  5. Suck my kiss

  6. I could have lied

  7. Mellowship slinky in B major

  8. The righteous and the wicked

  9. Give it away

  10. Naked in the rain

  11. Under the Bridge

  12. Blood sugar sex magik

  13. Apache rose peacock

  14. The greeting song

  15. My lovely man

  16. Sir psycho sexy

  17. They´re red hot



Contexto

Depois da morte por overdose do guitarrista Hillel Slovak em 1987, saída do baterista Jack Irons devido a morte de Hillel, Anthony decidiu que era hora de tratar seu forte vício em heroína e speedballs. Depois de se livrar do vício, ele e Flea decidiram que era hora de contratar um novo guitarrista e baterista. Com a banda formada de novo, em 1989, eles lançaram o (excelente) álbum “Mother’s Milk”. Nessa época a banda californiana já estava começando a fazer muito sucesso, os membros decidiram que era de trocar de gravadora (que até então era a EMI), assim, as gravadoras já estavam disputando pelo contrato com eles. A banda fechou com a gravadora da Warner Brothers, e decidiram que era hora de lançar um novo álbum. Todos os membros estavam muito inspirados e decididos a fazerem o melhor trabalho deles até então, daí surgiria não só o melhor disco da banda e de toda a década de 90, mas um dos melhores discos da história, flertando com funk, rock alternativo, rock e rap rock.


Capa

A capa são os quatro membros de perfil, com desenhos de tatuagem indo em direção ao centro e algumas rosas no centro e nas extremidades. A contracapa é uma foto da tatuagem no pulso do Anthony.

As fotos da capa e de todo o material de divulgação foram tiradas pelo famoso diretor de cinema: Gus Van Sant. A capa representa muito a contracultura da Califórnia: skate, praia, surf, tatuagem, calor, entre outros. A capa poderia ser muito bem uma tatuagem presente nas costas de um surfista, por exemplo.





Análise


Com o objetivo de não terem nenhum tipo de distração, a banda alugou uma mansão em Los Angeles e os quatro membros se instalaram lá até que o álbum ficasse pronto, tendo apenas poucas visitas esporádicas.

Passavam horas fazendo jams e criando as partes instrumentais das músicas todos os dias, enquanto Anthony escrevia as letras. Eles queriam flertar com outros ares musicais, sair um pouco do “funk” e experimentar melodias, ritmos e arranjos mais complexos e maduros, Kiedis também estava treinando sua voz para se encaixar nas músicas, deixando um pouco de lado a característica de apenas cantar como um rapper, presente nos álbuns anteriores.

A obra abre com “Power of Equality” de forma arrebatadora com Anthony cantando como um rapper sobre sociopolítica e direito dos negros, enquanto a guitarra de John o acompanha fazendo uma espécie de som incômodo, que dá todo um diferencial na música, a cozinha da banda (bateria e baixo), também se encaixam de forma inacreditável. Da forma que abre já mostra o nível elevado de colaboração musical entre os membros, onde todos são excelentes músicos ( Flea é graduado em música, por exemplo), característica essa que se repetem em todo o projeto. Logo vem “If you have to ask”, com vocalista cantando com a voz mais grossa e um riff de guitarra contagiante e marcante presente na melodia inteira, as linhas de baixo e guitarra impecáveis, a letra fala sobre a vida do crime em Los Angeles, e entra temas recorrentes ao longo do disco: conotações sexuais, sexo explícito, palavrões e letras de duplo sentido.

“Breaking the girl” é uma balada belíssima tocada por John em um violão de 12 cordas, o baterista acompanhando- o com viradas muito características, Kiedis explora mais sua voz nessa faixa, deixando a forma de cantar nas duas primeiras de lado; a letra fala sobre um relacionamento abusivo que o vocalista sofreu com sua ex-namorada ciumenta e depressiva. “Funky monks” tem uma guitarra muito cheia que parece ter várias camadas, mas não (mérito esse de John Frusciante, considerado um dos melhores guitarristas de todos os tempos), com um coro no refrão, a letra relata que na banda não existem monges, então eles precisam satisfazer suas necessidades carnais.

“Suck my kiss” começa com a guitarra estrondosa e os gritos característicos “yeah… oh yeah” do vocalista, um duplo significado para música, também presente em trechos como “sua boca foi feita para chupar meu beijo”. Aqui vem uma das melhores faixas do álbum, “I could have lied” fala sobre o breve relacionamento que o vocalista teve com a cantora Sinéad O'Connor; ele descreve em sua autobiografia: “... foi a relação não sexual mais maravilhosa que já tive”, segundo ele a inspiração para a letra veio quando ela simplesmente deixou uma mensagem em sua secretária eletrônica, dizendo que estava se mudando de Los Angeles e não queria mais vê-lo; “Fiquei despedaçado. não sabia o que fazer, então liguei para John. Ele ficou furioso [...] e sugeriu que eu escrevesse sobre isso. Naquela noite nos encontraríamos e faríamos uma canção. [...] De fita na mão, dirigimos correndo através da tempestade até a casa de Sinéad. Não bati a porta, apenas embrulhei a fita e a coloquei na abertura de cartas. Os anos se passaram, nosso disco saiu e a vida continuou”. A voz passa uma melancolia e os dois solos guitarra soam como um choro.

Em “Mellowship slinky in B major”, Anthony descreve basicamente o que ele próprio gosta de fazer em seu tempo livre, a faixa possui uma guitarra tocada de forma bem simples, com o solo bem natural e o vocalista oscilando entre a voz mais anasalada, aguda e grossa durante a música.

“The Righteous and the Wicked” é descrito como as guerras funcionam e como elas são prejudiciais ao mundo e aos seres humanos, o poder vocal e coro com os membros da banda nos refrões dão uma sensação de grandeza à música. Em “Give it Away”, o vocalista conta que a faixa surgiu de um improviso, e que a inspiração da letra surgiu de “uma série de conversas que tive anos antes com Nina Hagen”. Ele se interessou por uma jaqueta de couro que ela possuía, e ela simplesmente o deu; ela lhe disse: “É sempre importante dar as coisas; isso cria boa energia”. Começa com John tocando e forma pesado e agitada, Kiedis gritando e fazendo rimas, e todos os outros instrumentos também pesados e agitados, essa faixa até hoje é um dos maiores sucessos da banda - de forma justificada, por ser uma música sensacional.

A faixa que dá título à obra, “Blood sugar sex magik”, se inicia apenas com Chad e os tambores da bateria dando o ritmo da faixa, logo entra John e seu riff (mais uma vez) extraordinário, a música vai crescendo cada vez que entra o refrão “blood sugar baby/ she’s magik/sex magik”, acompanhado de um solo de guitarra, terminando em um ápice; a letra fala sobre sexo transcendental - uma das melhores da banda que as pessoas esquecem, a própria banda não a executa muito ao vivo.

Aqui surge a canção mais bonita da banda, e uma das mais bonitas já compostas, “Under the bridge”, que Anthony Kiedis conta em sua autobiografia (Scar Tissue): “Um dia apareci no ensaio e Flea e John estavam tão chapados que me ignoraram. Percebi que não éramos mais amigos de verdade [...]naquele dia voltei para casa dirigindo [...] e minha sensação de perda e solidão provocaram memórias da minha época com Ione, quando eu tomava picos com bandidos embaixo do viaduto. Senti que tinha jogado fora muita coisa na vida, mas também senti uma ligação muito forte entre mim e minha cidade”. Toda a sensação de tristeza pode ser sentida pela forma que é cantada, um pouco baixa e calma, o trecho “Sometimes i feel like, my only friend is the city i live in, the city of angels, lonely as i am, together we cry” é mostrado a ligação entre a cidade e o indivíduo; culminando no final catártico e emblemático (muito por conta do videoclipe da música, no momento em que Anthony corre), em que a música cresce e entra um coro (cantado pela mãe de John e suas amigas da igreja), e Anthony canta “Under the bridge downtown, is where i drew some blood, under the bridge downtown, i could not get enough, under the bridge downtown, forgot about my love, under the bridge downtown, i gave my life away” - apenas por esse trabalho já valeria o álbum.

“Naked in the rain” em contraponto com sua anterior, possui uma letra sociopolítica sobre a humanidade e de um homem que decide ir para a floresta viver com os animais; um destaque vai para o solo no final de guitarra. “Apache rose peacock” fala sobre um jovem em New Orleans e suas aventuras; a forma divertida como Anthony canta, como se estivesse relatando uma história para uma criança, que causa toda a graça da canção.

“The greeting song” fala sobre um jovem se divertindo em seu carro com sua garota por L.A; Anthony diz que a inspiração para essa foi o estilo de música que o produtor do álbum, Rick Rubin gostava, mas ele mesmo assume que não gosta muito dessa música - particularmente, não a acho ruim, mas não se destaca. “My lovely man” é algo muito pessoal para Kiedis, ele descreve como era sua relação de amizade com Hillel, e narra como sente sua falta ; a letra muito bonita e a parte instrumental excelente - para variar. A última e mais longa faixa do disco, com 9 minutos, “Sir psycho sexy”, descreve as aventuras (de forma bem explícita) do homem conhecido como “senhor psicótico sexual”. As diversas mudanças ao longo da faixa tornam ela única, a começar pelos backing vocals dos membros cantando “He is a freak of nature but we love him so, he is a freak of nature but we let him go” ou “sir psycho, sir psycho, yeaah” , Anthony canta fazendo rima enquanto os outros músicos o acompanham, há também variações na voz, cantando mais grave e mais agudos em alguns momento, como no meio, em que ele canta “lay me down, lay me down”, em seguida, sobe de novo e termina com um solo arrebatador de guitarra. “They’re Red hot” é apenas um cover de uma música de Robert Johnson e dura apenas 30 segundos no álbum.


Conclusão


O que resta dizer sobre esse projeto é que ele revolucionou a banda, os tornando realmente conhecidos no mundo inteiro, já que foi um sucesso de venda, mas também, revolucionou os anos 90, ao lado de outras obras primas da música que surgiram naquela década, porém eu considero essa a melhor.


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