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  • lucascodecco

Atualizado: 15 de mai. de 2022

Convidado: Amigo apreciador de Música

Tema: The Beatles: 1967 - 1969


O ano é 1967, em plena guerra do vietnã, jovens revoltados com a política e os “bons costumes” patriarcados, resolvem pregar sobre revolução pacífica e contracultura para mostrarem seus ideais sobre paz, vidas de inocentes na Ásia que precisavam ser salvas, expansão da mente através do uso de drogas alucinógenas, entre outros. Foi uma época de ebulição criativa, de onde vieram obras primas na literatura, cinema e principalmente no tema deste podcast: A música. E os Beatles possuem um enorme papel neste tema; com George Harrison como guitarrista principal, John Lennon como guitarrista de apoio, Paul McCartney como baixista e Ringo Starr como baterista.





Sgt. Pepper´s Lonely hearts Club Band


Lançado no dia 26 de maio de 1967, o álbum foi um divisor de águas na carreira da banda. Depois de 1966, os 4 membros decidiram que não iriam se apresentar mais ao vivo, pois sentiam que a música já não estava sendo o foco do público, e sim a imagem dos “4 bons moços para casar de Liverpool”. O seu antecessor, “Revolver”, já havia mostrado ao público que a banda procurava novos ares musicais, e estavam fazendo experimentações, mas esse álbum deixou isso claro de fato.

Usando de temas como o uso de drogas, hinduísmo, morte, amizade, entre outros; esse álbum conceitual do “Sargento Pimenta e sua banda”, simulando um show ao vivo, com os membros da banda de cabelos cortados, bigodes e roupas coloridas, apareceu de forma que acalmou de certa forma o público, como se fosse outra banda e não realmente os Beatles, mas ao mesmo tempo, foi um choque a mudança que ocorreu de um álbum para outro.

Cada membro teve seu momento de brilhar no álbum, seja em momentos de cantar, quanto em composições, que ao longo dos próximos álbuns da banda se tornaria algo comum cada membro ter seu espaço.

Na minha opinião, álbum excelente da banda! Não possuo apreço pelas músicas “being for the benefit of mr. kite!” e “good morning good morning”, por achá-las deslocadas no álbum e bobas.


Perguntas que eu faria ao convidado:

  • Você sabia que o Mick Jagger e o Keith Richards estavam presentes nas gravações de algumas músicas e participaram dos clipes de “A day in the Life” e “All you need is love”?

  • O álbum foi gravado em 67 no Abbey Road, no estúdio ao lado, os membros do Pink Floyd gravavam o primeiro álbum, “The Piper at The Gates of Dawn”, e frequentemente se cruzavam nos corredores e conversavam um pouco.

  • Tem alguma música no álbum que você não gosta?

  • Você concorda com toda essa importância que o álbum alcançou na história da música?






Magical Mystery Tour


Devido ao histórico do grupo no cinema, eles decidiram lançar um especial para a TV junto com um novo álbum, com músicas não utilizadas do anterior “ Sgt Pepper’s” e novas composições. Daí viria a surgir o pior filme da banda, com o melhor álbum da banda. O filme não faz sentido, por ser uma época em que os membros estavam usando muitas drogas, isso afetou o desenvolvimento do filme. A história é de um grupo de pessoas que embarcam em um ônibus que os levará em um tour por lugares “mágicos” - Teoricamente isso era pra ser a história.

Em contrapartida, o álbum, lançado em 27 de Novembro de 1967, era a trilha sonora do filme, parece uma coletânea das melhores músicas da banda. Com temas como amor, melancolia, psicodelia, relacionamentos, infância, a banda chegou até a questionar a que ponto chegaram e se toda aquela fama e dinheiro era o que eles realmente queriam em “baby you’re a rich man”. Eles deixaram um pouco de lado o tema de álbum conceito, assumindo como realmente os Beatles de cara nova e mais maduros.

Particularmente, acredito que esse álbum deveria até ser mais lembrado na discografia da banda, estando ao lado de “Sgt. Pepper’s” no nível de importância na carreira da banda e na história da música. Álbum perfeito, impossível não ouvir inteiro.


Perguntas que eu faria ao convidado:

  • Você concorda comigo que esse é o melhor álbum dos Beatles?

  • O que você acha do filme?

  • Eu adoro “I am the Walrus”, foi nessa época também que começaram as especulações de que o Paul foi morto em um acidente de carro e substituído por um sósia (risos) o que acha disso?

  • Tem alguma música no álbum que você não gosta?






White Album


Foi aqui que os problemas começaram, principalmente entre John Lennon e Paul McCartney. John estava tendo problemas em seu casamento e Paul, como multi instrumentista, mudava gravações dos instrumentos já tocadas pelos outros membros, assim sentindo-se como um “dono” da banda. Os 4 decidiram em conjunto passarem um tempo na Índia com o guru Maharishi Mahesh Yogi na tentativa de estreitar os laços novamente; o que não funcionou, após a banda descobrir que o guru estava sendo acusado de ter assediado a atriz Mia Farrow, eles decidiram voltar para a Inglaterra para trabalharem em um novo álbum.

Como as tensões entre eles estavam fortes cada membro evitava contato um com outro, então cada um botou um pouco de si nesse álbum sem a opinião do outro. Apesar de tudo, aqui surgiu outra obra de arte na música. Sendo um álbum duplo, lançado em 22 de Novembro de 1968, a banda ainda abordava os mesmos temas de projetos anteriores, porém deixando a psicodelia de lado e focando em arranjos mais complexos e maduros, com mais camadas, George começou a se destacar em arranjos e composições, compondo o que talvez seja a melhor música da banda, “ While my guitar gently weeps”.

Acredito que este álbum seja um amadurecimento natural da banda, com belas composições, parece um álbum solo de cada membro, no mesmo disco. Com algumas canções memoráveis, outras nem tanto, ainda não deixam de serem boas, o saldo é extremamente positivo.

No mesmo ano, foi lançada uma animação chamada Yellow Submarine, mesmo nome da música do álbum “Revolver”. A única participação da banda no filme foi na trilha sonora; com apenas duas músicas inéditas da banda, o resto eram composições instrumentais e canções já presentes em álbuns anteriores. Particularmente gosto bastante dessa animação, apesar de a história também não fazer o menor sentido.


Perguntas que eu faria ao convidado:

  • Nesse álbum cada membro botou um pouco de si, você possui algum membro favorito? Acredito que o meu seja o George Harrison, porém, gosto muito do Paul McCartney

  • “While my guitar gently weeps” eu considero uma das melhores músicas de todos os tempos, você sabia que o icônico solo de guitarra não foi gravado pelo George, mas sim, pelo Eric Clapton? E o que acha da música?

  • Você gosta da animação “Yellow submarine”?

  • A animação ganhou uma adaptação excelente em hq recentemente...




Abbey Road


Neste momento a banda já estava a ponto de acabar, John Lennon já havia lançado um disco solo com sua então namorada Yoko Ono no ano anterior, as brigas entre os garotos de Liverpool estavam piores, cada membro, por serem muito talentosos, já estavam com outros interesses em fazerem projetos próprios. Lançado em 26 de setembro de 1969, o trabalho com a capa mais icônica da banda, foto tirada em frente ao Estúdio Abbey Road, estúdio esse onde a banda gravou seus melhores álbuns.

Nesse projeto eles estavam maduros de fato. Visualmente os membros estavam com cabelos longos e barbas; os arranjos ainda mais complexos e suas letras também; musicalmente o tom estava bem mais progressivo, com canções que se emendaram uma na outra, dando um tom de uma canção só, longa. Cada membro mais uma vez colocando um pouco de si nas composições e na voz, como Ringo em “Octopus´s Garden”.

Com certeza esse álbum é um dos melhores, impossível ser compreendido de fato ouvindo apenas uma música, deve ser escutado inteiro, como uma música só. Depois desse disco, eles ainda lançaria mais um, porém com sobras de estúdio. Abbey Road foi a última obra que a banda deixou de fato, encerrando assim com chave de ouro a carreira dos 4 garotos juntos.




Perguntas que eu faria ao convidado:

  • Nessa época a banda já estava em outra fase, você prefere a fase psicodélica? - Acredito que a fase psicodélica seja minha favorita...

  • Os membros já não se suportavam nessa época, você acha que se a banda tivesse superado esse momento e continuado, eles ainda continuariam sendo a maior banda do mundo nos anos 70?


Obrigado por ter ouvido o Podcast da Dropping Records!


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  • lucascodecco

Atualizado: 15 de mai. de 2022


Faixas

  1. MiNd of MiNdd (intro)

  2. PILLOWTALK

  3. iT's YoU

  4. BeFoUr

  5. sHe

  6. dRuNk

  7. INTERMISSION: fLoWer

  8. rEaR vIeW

  9. wRoNg

  10. fOoL fOr YoU

  11. BoRdErSz

  12. tRuTh

  13. IUcOzAdE

  14. TiO



Contexto

Depois de anunciar que estava deixando a boyband “One Direction” em 2015, Zayn começou a trabalhar em um álbum de carreira solo, com uma sonoridade bem diferente do One Direction, que puxava mais para um pop produto; nesse álbum está presente sonoridades como R&B, Soul, Jazz, música árabe e até um pouco rock.


Capa


Zayn afirmou para a revista The Fader que "as experiências de vida são grandes influências para este álbum; as coisas pelas quais passei, especialmente nos últimos cinco anos, fazendo parte da banda e tudo mais". Fazendo uma análise da capa pode-se perceber que realmente trata-se de um trabalho bem pessoal do cantor. A capa é uma foto do artista quando criança, com as tatuagens no braço que possui atualmente, obviamente, colocadas digitalmente.

Não é novidade capas iguais a essa, outras artistas já haviam feito antes artes similares, porém quando bem feitas, acabam passando a impressão de um trabalho bem pessoal e criativo.


Análise


O trabalho abre com o cantor quase que convidando o ouvinte a “entrar em sua mente” (o que justifica o título do álbum e o nome da música, ambos “mind of mine”), ele canta em inglês porém com um sotaque (muito carregado) árabe, dando uma cara totalmente diferente em uma abertura e também algo pessoal (afinal, é um britânico com laços muçulmanos). Em seguida vem “Pillowtalk”, que abre com temas presentes no disco inteiro como: sensualidade, relacionamento, sexo, letras de duplo sentido, entre outros; o videoclipe lançado para essa música enfatiza mais esses temas, com elementos de psicodelia. A sonoridade da faixa é uma mistura de música eletrônica e R&B, com Malik mostrando todo seu potencial vocal, principal em agudos e falsetes, algo que se repete ao longo de todo o disco.

“It's you” acredito que seja a melhor faixa de todas. Ela começa como um gospel, logo entra a voz de Zayn (com leve reverb) e apenas um beat bem simples acompanhando, dando a sensação de uma faixa quase acapella, onde sua voz brilha.

Logo vem “Befour”, com um estilo bem pop no ritmo, até na forma como o músico canta, mas mantendo as características de todo o resto do álbum; a letra fala sobre o uso de entorpecentes - perfeita para qualquer balada. “She” segue como a faixa anterior, mais pop, com sintetizadores, reverb na voz, slaps, coro vocal e com distorção; fala sobre relacionamento - acredito que a grande musa inspiradora para letras desse tipo seja sua namorada, a modelo “Gigi Hadid”.

“Drunk”, descreve como é ficar bêbado com uma pessoa que você gosta; pop/ eletrônica com um refrão poderoso, com outra camada da voz de Zayn, mais aguda, e uma guitarra que aparece pouco, porém, apresenta um diferencial na faixa. “Intermission: flower” o artista canta em árabe, apresentando características completas de músicas presentes em filmes como “Aladin”, por exemplo. Em contraponto à anterior, a faixa “Rear View” um pouco mais agitada, é mais similar a “Pillowtalk” e “She”, fala sobre seguir a pessoa que você ama até o final, e algumas desilusões no meio do caminho, um destaque para o coro vocal junto da voz de Zayn no final.

“Wrong” tem uma letra explícita sobre sexo casual com uma parceira, interpretada na canção pela cantora “Kehlani”, com todo um toque sensual com gemidos e suspiros, os dois fazem um dueto junto na metade da música arrepiante. “Fool for you” começa com um piano que faz a faixa se destacar pelo diferencial, entrando no refrão a bateria e a voz do músico subindo, mais ao longo da canção, um sútil som de guitarra também pode ser ouvido; a obra é uma declaração de amor e como é ser um “tolo” por alguém. Em “ Bordersz”, o músico começa cantando como se estivesse cochichando e num estilo blues, com o ritmo mudando no refrão, ficando mais agitado e com o artista soltando mais a voz; a letra fala sobre “se perder” com uma garota.

A faixa em seguida, “Truth”, Malik começa cantando suavemente apenas com uma guitarra e um beat o acompanhando, e o balanço se estende dessa forma até o final, com algumas vezes a voz ficando mais aguda; a letra é sobre desilusão amorosa, relacionando isso a perda em jogos de apostas - excelente faixa. “Lucozade” possui toda a cara pop/eletrônica presente em outras faixas do álbum, com sintetizadores; fala sobre fumar maconha - ao meu ver, essa faixa nessa etapa do álbum, acaba se tornando repetitiva. A última canção “Tio” ocorre o mesmo problema por ser muita parecida com a anterior, perdendo um pouco o impacto no final do álbum; a letra fala sobre preliminares do sexo.


Conclusão


No final, o saldo é extremamente positivo, com Zayn Malik mostrando um estilo musical próprio muito diferente do que era feito em sua boyband. Um som mais maduro, menos “produto” e com momentos surpreendentes e excelentes músicas, apesar de perder a força do impacto no final do álbum. Para o disco de estreia de um artista solo, é impactante e surpreendente de forma positiva.


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  • lucascodecco

Atualizado: 15 de mai. de 2022

Formação: Anthony Kiedis (vocal), Chad Smith (bateria), Flea (baixo), John Frusciante (guitarra).



Faixas:

  1. Power of Equality

  2. If you have to ask

  3. Breaking the girl

  4. Funky monks

  5. Suck my kiss

  6. I could have lied

  7. Mellowship slinky in B major

  8. The righteous and the wicked

  9. Give it away

  10. Naked in the rain

  11. Under the Bridge

  12. Blood sugar sex magik

  13. Apache rose peacock

  14. The greeting song

  15. My lovely man

  16. Sir psycho sexy

  17. They´re red hot



Contexto

Depois da morte por overdose do guitarrista Hillel Slovak em 1987, saída do baterista Jack Irons devido a morte de Hillel, Anthony decidiu que era hora de tratar seu forte vício em heroína e speedballs. Depois de se livrar do vício, ele e Flea decidiram que era hora de contratar um novo guitarrista e baterista. Com a banda formada de novo, em 1989, eles lançaram o (excelente) álbum “Mother’s Milk”. Nessa época a banda californiana já estava começando a fazer muito sucesso, os membros decidiram que era de trocar de gravadora (que até então era a EMI), assim, as gravadoras já estavam disputando pelo contrato com eles. A banda fechou com a gravadora da Warner Brothers, e decidiram que era hora de lançar um novo álbum. Todos os membros estavam muito inspirados e decididos a fazerem o melhor trabalho deles até então, daí surgiria não só o melhor disco da banda e de toda a década de 90, mas um dos melhores discos da história, flertando com funk, rock alternativo, rock e rap rock.


Capa

A capa são os quatro membros de perfil, com desenhos de tatuagem indo em direção ao centro e algumas rosas no centro e nas extremidades. A contracapa é uma foto da tatuagem no pulso do Anthony.

As fotos da capa e de todo o material de divulgação foram tiradas pelo famoso diretor de cinema: Gus Van Sant. A capa representa muito a contracultura da Califórnia: skate, praia, surf, tatuagem, calor, entre outros. A capa poderia ser muito bem uma tatuagem presente nas costas de um surfista, por exemplo.





Análise


Com o objetivo de não terem nenhum tipo de distração, a banda alugou uma mansão em Los Angeles e os quatro membros se instalaram lá até que o álbum ficasse pronto, tendo apenas poucas visitas esporádicas.

Passavam horas fazendo jams e criando as partes instrumentais das músicas todos os dias, enquanto Anthony escrevia as letras. Eles queriam flertar com outros ares musicais, sair um pouco do “funk” e experimentar melodias, ritmos e arranjos mais complexos e maduros, Kiedis também estava treinando sua voz para se encaixar nas músicas, deixando um pouco de lado a característica de apenas cantar como um rapper, presente nos álbuns anteriores.

A obra abre com “Power of Equality” de forma arrebatadora com Anthony cantando como um rapper sobre sociopolítica e direito dos negros, enquanto a guitarra de John o acompanha fazendo uma espécie de som incômodo, que dá todo um diferencial na música, a cozinha da banda (bateria e baixo), também se encaixam de forma inacreditável. Da forma que abre já mostra o nível elevado de colaboração musical entre os membros, onde todos são excelentes músicos ( Flea é graduado em música, por exemplo), característica essa que se repetem em todo o projeto. Logo vem “If you have to ask”, com vocalista cantando com a voz mais grossa e um riff de guitarra contagiante e marcante presente na melodia inteira, as linhas de baixo e guitarra impecáveis, a letra fala sobre a vida do crime em Los Angeles, e entra temas recorrentes ao longo do disco: conotações sexuais, sexo explícito, palavrões e letras de duplo sentido.

“Breaking the girl” é uma balada belíssima tocada por John em um violão de 12 cordas, o baterista acompanhando- o com viradas muito características, Kiedis explora mais sua voz nessa faixa, deixando a forma de cantar nas duas primeiras de lado; a letra fala sobre um relacionamento abusivo que o vocalista sofreu com sua ex-namorada ciumenta e depressiva. “Funky monks” tem uma guitarra muito cheia que parece ter várias camadas, mas não (mérito esse de John Frusciante, considerado um dos melhores guitarristas de todos os tempos), com um coro no refrão, a letra relata que na banda não existem monges, então eles precisam satisfazer suas necessidades carnais.

“Suck my kiss” começa com a guitarra estrondosa e os gritos característicos “yeah… oh yeah” do vocalista, um duplo significado para música, também presente em trechos como “sua boca foi feita para chupar meu beijo”. Aqui vem uma das melhores faixas do álbum, “I could have lied” fala sobre o breve relacionamento que o vocalista teve com a cantora Sinéad O'Connor; ele descreve em sua autobiografia: “... foi a relação não sexual mais maravilhosa que já tive”, segundo ele a inspiração para a letra veio quando ela simplesmente deixou uma mensagem em sua secretária eletrônica, dizendo que estava se mudando de Los Angeles e não queria mais vê-lo; “Fiquei despedaçado. não sabia o que fazer, então liguei para John. Ele ficou furioso [...] e sugeriu que eu escrevesse sobre isso. Naquela noite nos encontraríamos e faríamos uma canção. [...] De fita na mão, dirigimos correndo através da tempestade até a casa de Sinéad. Não bati a porta, apenas embrulhei a fita e a coloquei na abertura de cartas. Os anos se passaram, nosso disco saiu e a vida continuou”. A voz passa uma melancolia e os dois solos guitarra soam como um choro.

Em “Mellowship slinky in B major”, Anthony descreve basicamente o que ele próprio gosta de fazer em seu tempo livre, a faixa possui uma guitarra tocada de forma bem simples, com o solo bem natural e o vocalista oscilando entre a voz mais anasalada, aguda e grossa durante a música.

“The Righteous and the Wicked” é descrito como as guerras funcionam e como elas são prejudiciais ao mundo e aos seres humanos, o poder vocal e coro com os membros da banda nos refrões dão uma sensação de grandeza à música. Em “Give it Away”, o vocalista conta que a faixa surgiu de um improviso, e que a inspiração da letra surgiu de “uma série de conversas que tive anos antes com Nina Hagen”. Ele se interessou por uma jaqueta de couro que ela possuía, e ela simplesmente o deu; ela lhe disse: “É sempre importante dar as coisas; isso cria boa energia”. Começa com John tocando e forma pesado e agitada, Kiedis gritando e fazendo rimas, e todos os outros instrumentos também pesados e agitados, essa faixa até hoje é um dos maiores sucessos da banda - de forma justificada, por ser uma música sensacional.

A faixa que dá título à obra, “Blood sugar sex magik”, se inicia apenas com Chad e os tambores da bateria dando o ritmo da faixa, logo entra John e seu riff (mais uma vez) extraordinário, a música vai crescendo cada vez que entra o refrão “blood sugar baby/ she’s magik/sex magik”, acompanhado de um solo de guitarra, terminando em um ápice; a letra fala sobre sexo transcendental - uma das melhores da banda que as pessoas esquecem, a própria banda não a executa muito ao vivo.

Aqui surge a canção mais bonita da banda, e uma das mais bonitas já compostas, “Under the bridge”, que Anthony Kiedis conta em sua autobiografia (Scar Tissue): “Um dia apareci no ensaio e Flea e John estavam tão chapados que me ignoraram. Percebi que não éramos mais amigos de verdade [...]naquele dia voltei para casa dirigindo [...] e minha sensação de perda e solidão provocaram memórias da minha época com Ione, quando eu tomava picos com bandidos embaixo do viaduto. Senti que tinha jogado fora muita coisa na vida, mas também senti uma ligação muito forte entre mim e minha cidade”. Toda a sensação de tristeza pode ser sentida pela forma que é cantada, um pouco baixa e calma, o trecho “Sometimes i feel like, my only friend is the city i live in, the city of angels, lonely as i am, together we cry” é mostrado a ligação entre a cidade e o indivíduo; culminando no final catártico e emblemático (muito por conta do videoclipe da música, no momento em que Anthony corre), em que a música cresce e entra um coro (cantado pela mãe de John e suas amigas da igreja), e Anthony canta “Under the bridge downtown, is where i drew some blood, under the bridge downtown, i could not get enough, under the bridge downtown, forgot about my love, under the bridge downtown, i gave my life away” - apenas por esse trabalho já valeria o álbum.

“Naked in the rain” em contraponto com sua anterior, possui uma letra sociopolítica sobre a humanidade e de um homem que decide ir para a floresta viver com os animais; um destaque vai para o solo no final de guitarra. “Apache rose peacock” fala sobre um jovem em New Orleans e suas aventuras; a forma divertida como Anthony canta, como se estivesse relatando uma história para uma criança, que causa toda a graça da canção.

“The greeting song” fala sobre um jovem se divertindo em seu carro com sua garota por L.A; Anthony diz que a inspiração para essa foi o estilo de música que o produtor do álbum, Rick Rubin gostava, mas ele mesmo assume que não gosta muito dessa música - particularmente, não a acho ruim, mas não se destaca. “My lovely man” é algo muito pessoal para Kiedis, ele descreve como era sua relação de amizade com Hillel, e narra como sente sua falta ; a letra muito bonita e a parte instrumental excelente - para variar. A última e mais longa faixa do disco, com 9 minutos, “Sir psycho sexy”, descreve as aventuras (de forma bem explícita) do homem conhecido como “senhor psicótico sexual”. As diversas mudanças ao longo da faixa tornam ela única, a começar pelos backing vocals dos membros cantando “He is a freak of nature but we love him so, he is a freak of nature but we let him go” ou “sir psycho, sir psycho, yeaah” , Anthony canta fazendo rima enquanto os outros músicos o acompanham, há também variações na voz, cantando mais grave e mais agudos em alguns momento, como no meio, em que ele canta “lay me down, lay me down”, em seguida, sobe de novo e termina com um solo arrebatador de guitarra. “They’re Red hot” é apenas um cover de uma música de Robert Johnson e dura apenas 30 segundos no álbum.


Conclusão


O que resta dizer sobre esse projeto é que ele revolucionou a banda, os tornando realmente conhecidos no mundo inteiro, já que foi um sucesso de venda, mas também, revolucionou os anos 90, ao lado de outras obras primas da música que surgiram naquela década, porém eu considero essa a melhor.


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